segunda-feira, 23 de abril de 2012

Longas-metragens, o desafio da animação brasileira


Potência na produção de séries para a TV e curtas-metragens, país ainda busca o seu 'Cidade de Deus' para conquistar os cinemas do mundo

O longa "Minhocas", feito em stop-motion, teve o lançamento adiado para meados de 2012
O longa "Minhocas", feito em stop-motion, teve o lançamento adiado para meados de 2012
"A indústria de animação no Brasil deu um salto enorme. Deixamos de ser um bando animado para nos tornarmos um setor da economia que exporta produtos. Acho que precisamos conquistar o mercado de longas", diz Cesar Coelho
O mercado de animação brasileiro evolui a passos largos e já se consolidou como potência na produção de séries para televisão e curtas-metragens, com o uso das mais variadas técnicas e tecnologias disponíveis. O país também dispõe de um público amplo, que gosta do gênero e lota as salas de cinema a cada lançamento - mas sempre estrangeiro. E é aí que se evidencia o mamior desafio dos nossos animadores: conquistar o lucrativo segmento de longas-metragens.


Hoje, pelo menos sete longas de animação estão sendo produzidos no Brasil. Como a maioria deles está em atraso, o Anima Mundi, maior festival do ramo no país, chega à sua segunda edição consecutiva sem sequer um representante nacional na mostra competitiva. É, sem dúvida, uma situação constrangedora para um país que exportou Carlos Saldanha (Robôs e RioEra do Gelo) para o mundo.

Cesar Coelho, fundador e curador do Anima Mundi, atribui o atraso nas produções em andamento à necessidade de revisões nos projetos para adequar os filmes ao padrão de alto nível imposto pela concorrência internacional e pelo público, cada vez mais exigente. Mas, para ele, a inexperiência dos produtores nacionais na feitura de longas de animação ainda é o maior obstáculo.

"A indústria de animação no Brasil deu um salto enorme. Deixamos de ser um bando animado para nos tornarmos um setor da economia que exporta produtos. Acho que precisamos conquistar o mercado de longas. Esse é o nosso próximo desafio. Ainda falta termos o nossoCidade de Deus ou Tropa de Elite da animação. Com o amadurecimento, a gente vai chegar lá", analisa Coelho.

Numa tentaiva de acelerar esse processo, o Anima Mundi convocou o experiente Carlos Saldanha para dar uma palestra a profissionais brasileiros na edição desse ano, que começou nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro. A ideia é que diretor de Rio, uma produção norte-americana, compartilhe seus conhecimentos com os colegas brasileiros, enfatizando as especificidades de uma mega-produção de animação.

"O longa tem um processo diferente. As etapas são diferentes, assim como os softwares, o roteiro, o planejamento e as soluções de produção. O Saldanha vai poder falar de tudo isso", explica o curador do festival.

O diretor da Glaz Entretenimento, Paulo Boccato, concorda que os produtores brasileiros ainda estão aprendendo os segredos para entrar de cabeça no disputado mercado de longas de animação. Um deles é a internacionalização das produções, que se valem de co-produtores estrangeiros para abrir portas em outros países. "Uma estratégia é fazer as bocas dos personagens se mexerem em inglês. Isso facilita na hora de exportarmos. Ficamos tranquilos de fazer isso porque o Brasil tem os melhores dubladores do mundo", revela Boccato.

A produtora de Boccato está produzindo o longa de animação Minhocas, de Paolo Conti e Arthur Nunes, com distribuição da Fox. Previsto para meados de 2011, o filme, co-produzido com o Canadá, cheguará aos cinemas com um ano de atraso. Os motivos para o atraso vão desde problemas na captação de recursos até mudanças técnicas para garantir que a produção esteja em pé de igualdade com o que há de melhor.

"Usamos câmeras em alta definição, que tiram 24 fotos por segundo. Num dado momento, decidimos trocar as lentes por outras melhores. A produção de um longa de animação demora quatro anos. E, nesse período, o padrão de referência de qualidade muda. E nós temos que nos adequar", explica o produtor.

Boccato lamenta que não teve tempo de incluir Minhocas na febre das animações 3D. "Como usamos a técnica do stop-motion, foi impossível mudarmos depois do barateamento do 3D. Mas nossa próxima produção, certamente, será em 3D", afirma.

Ele se refere a O clube secreto dos monstros (nome provisório), uma comédia-terror. O roteiro está sendo escrito por Larry Wilson, o mesmo de Os Fantasmas Se Divertem (1988), de Tim Burton, e Família Adams (1991), de Barry Sonnenfeld. "Como o filme tem uma pegada de comédia de terror, buscamos um roteirista estrangeiro. O Brasil não tanta expertise em produções para esse tipo de público adolescente, que têm códigos muito próprios que a gente ainda não domina. Temos excelentes roteiristas de drama e policial, como nos casos de Tropa de Elite Cidade de Deus, e também de comédia adulta", justifica.

Para ambos os filmes, está sendo negociada a contratação de atores famosos do cinema internacional para a dublagem. "Um ator famoso na dublagem ajuda a vender o filme lá fora. E não é algo muito caro. è uma das coisas que estamos aprendendo", explica Boccato.


Fonte:http://veja.abril.com.br
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